sábado, 7 de abril de 2012

Definição de Aberturas

Uma abertura de xadrez é um grupo de movimentos iniciais do jogo de xadrez (os movimentos de aberturas). Seqüências reconhecidas de movimentos de aberturas são denominadas aberturas ou defesas, e possuem nomes tais como Defesa siciliana ou Gambito da dama recusado.

Existem dúzias de aberturas diferentes, com centenas de variantes nomeadas.

A Oxford Companion to Chess lista 1327 aberturas e variantes. Estas variam amplamente desde posições tranqüilas (por exemplo a Abertura Réti e algumas linhas do Gambito da Dama Recusado) a táticas de jogo arrojadas (por exemplo o Gambito Letão e a Defesa dos dois cavalos).

Uma seqüência de movimentos de abertura que é considerada padrão (algumas vezes catalogada em trabalhos de referência como a The Encyclopaedia of Chess Openings (ECO) é denominada com “o livro de movimentos', ou simplesmente “livro”. Estes trabalhos de referência algumas vezes apresentam esta seqüência de movimentos em notação algébrica, árvores de aberturas, ou tabelas de teorias.

Quando um jogo começa a se desviar da teoria de aberturas conhecidas, os jogadores dizem estar “fora do livro”. Em algumas linhas de aberturas, os movimentos considerados melhores para ambos os lados tem sido estudados até o vigésimo lance ou mais.

Enxadristas profissionais dedicam anos de estudos em aberturas, e continuam a fazê-lo durante suas carreiras, assim a teoria das aberturas continua a evoluir.

A abertura é a primeira fase do jogo de xadrez, e pode, efetivamente, decidir o resultado da partida: um erro na abertura pode levar a falhas irremediáveis, como peças posicionadas longe do foco da ação do jogo, inúteis portanto, até a criação de vulnerabilidades que, exploradas corretamente pelo oponente, levam a uma derrota acachapante. Mas a abertura é também um assunto árido e extenso. Não são incomuns estudos de aberturas que levam a mais de 30 lances, partindo da posição inicial. Para o jogador novato, a enorme quantia de teoria de aberturas é intimidadora e, na verdade, paralisante.

Entretanto, com um conhecimento sólido dos princípios que orientam as aberturas, um jogador principiante verá seu jogo progredir, mesmo que seu conhecimento teórico de aberturas seja mínimo. Isto por que todas as aberturas seguem uma série de princípios básicos. Estudar e compreender estes princípios, e saber como colocá-los em prática é muito mais importante do que memorizar dezenas de lances de dezenas de aberturas diferentes: a memória pode trair o jogador, mas o princípio sempre vai servir de orientação para a escolha do melhor lance.

Além do conhecimento sobre os princípios que orientam as aberturas, é importante que o jogador novato conheça algumas aberturas, escolha suas linhas de jogo preferidas, e desenvolva seu xadrez a partir daí. Para isto, sugerimos um repertório mínimo de aberturas. O estudo destas aberturas e algumas partidas exemplo darão ao enxadrista uma base sólida sobre este aspecto do jogo.


Objetivo da abertura

Embora exista uma larga variedade de movimentos que podem ser jogados na abertura, os objetivos por trás desses são, resumidamente falando, os mesmos. O primeiro e mais importante objetivo é evitar perder o jogo e evitar perder peças de valor, assim como em outras fases do jogo. Entretanto, assumindo que nenhum jogador irá cometer um erro grave na abertura, os objetivos principais incluem:

Desenvolvimento: Um dos objetivos principais na abertura é mobilizar as peças para casas úteis, onde irão ter impacto no jogo. Para este fim, cavalos são normalmente desenvolvidos para f3, c3, f6 e c6 (ou algumas vezes e2, d2, e7, d7) e ambos os peões de e- e d- são movidos para os bispos poderem se desenvolver (alternativamente, o bispo pode ser flanqueado com uma manobra tal como g3 e Bg2. Mobilização rápida é a chave. A rainha entretanto não é normalmente utilizada numa posição central no início do jogo, pois é provável de ser atacada, obrigando o jogador a perder tempo para salvá-la.


Controle do centro: No início do jogo não é claro em que parte do tabuleiro as peças serão necessárias. Entretanto, controlar as casas centrais permitem as peças serem movidas para qualquer parte do tabuleiro com relativa facilidade, e pode ter um efeito devastador para o oponente.

Uma visão clássica é que o controle do centro é mais bem controlado estabelecendo peões, idealmente em d4 e e4 (ou d5 e e5 para as pretas).

Entretanto a Escola Hipermoderna demonstrou que não é sempre necessário ou até mesmo desejável ocupar o centro desta maneira, e que um peão muito avançado pode ser atacado, deixando a arquitetura de defesa vulnerável; um peão ocupando o centro é pouco valioso a não ser que possa ser mantido.

A Escola Hipermoderna, todavia prega o controle do centro a distância, destruindo a ocupação do oponente no centro, e apenas o tomando posteriormente no jogo. Isto leva a aberturas tais como a Defesa Alekhine numa linha de 1. e4, Nf6; 2. e5, Nd5; 3. d4, d6; 4. c4, Nb6; 5. f4 (o Ataque dos quatro peões), a branca tem um formidável centro com peões, mas as pretas esperam miná-lo posteriormente no jogo, deixando a posição das brancas exposta. OBS.: Representa-se Cavalo (C) por "N" pois a linguagem utilizada é inglesa.

Proteger o Rei: O Rei fica um pouco desprotegido no meio do tabuleiro. Ações devem ser tomadas para reduzir esta vulnerabilidade. É comum então para ambos os jogadores rocarem na abertura (simultaneamente desenvolvendo uma das torres) ou de outra maneira trazendo o rei para o canto por meio de um roque artificial.


Fraqueza dos peões: As maiorias das aberturas tentam evitar a criação de peões fracos tais como isolados, dobrados, atrasados ou ilhas de peões etc. Algumas aberturas sacrificam as considerações de fim de jogo para um rápido ataque nas posições do oponente. Algumas aberturas desbalanceadas das pretas, em particular, fazem uso dessa idéia; tais como a Holandesa e a Siciliana. Enquanto outras aberturas, tais como a Alekhine e a Benini convidam o oponente a estender e formar uma fraqueza de peões. Certas aberturas aceitam a fraqueza de peões em troca de compensações como uma forma dinâmica de jogar.


Coordenação das peças: Como cada enxadrista movimenta suas peças, cada movimento tenta assegurar que elas estão trabalhando harmoniosamente em direção às casas chaves.

Além dessas idéias, outras estratégias usadas no meio do jogo podem também ser desenvolvidas na abertura. Estas estratégias incluem preparar os peões para um contra-ataque, visando criar uma fraqueza na estrutura de peões do oponente, manter o controle de casas-chave, fazer trocas favoráveis de peças menores (por exemplo, ganhando o par de bispos), ou ganhando a vantagem do espaço, seja no centro ou nos flancos.


Em termos gerais, muitos escritores (por exemplo, Reuben Fine em "As idéias por trás das aberturas de xadrez", comentam que a tarefa das brancas na abertura é preservar e incrementar a vantagem conferida pelo primeiro movimento, enquanto que a tarefa das pretas é igualar o jogo. Entretanto muitas aberturas fornecem a chance das pretas jogarem agressivamente para adquirir vantagem desde o início do jogo.


De acordo com o MI Jeremy Silman, o propósito da abertura é criar um balanço dinâmico entre os dois lados, que irá determinar a característica do meio-jogo e os planos estratégicos escolhidos por ambos os lados. Por exemplo, na variação Winawer da abertura francesa, as brancas irão tentar usar seu par de bispos e a vantagem do espaço para atacar a ala do Rei, enquanto as pretas irão simplificar trocas (em particular, trocando um dos bispos brancos para destruir a estratégia das brancas) e irão contra-atacar a fraca linha de peões na Ala da Dama.

Princípios das Aberturas

As aberturas regem-se por alguns princípios da estratégia: o domínio do centro do tabuleiro, a coordenação das peças, e o ataque a pontos vulneráveis. Além disso, as aberturas visam a criação de oportunidades táticas para os jogadores. Em alguns casos as aberturas também servem para paralisar o jogo, anulando a força de um jogador tático, por exemplo. De qualquer forma, quando jogar uma abertura, devem-se:

1. fazer poucos lances de peão, um ou dois devem ser suficientes
2. movimentar cavalos e bispos antes de torres e dama
3. levar as peças para as casas em que são mais efetivas
4. colocar o rei em uma posição protegida
5. evitar fazer vários lances com a mesma peça
6. desenvolver o máximo de peças, de preferência todas elas, nas 10 primeiras jogadas
7. evitar bloquear as próprias peças


Peões

No início da partida, os jogadores podem movimentar qualquer dos oito peões e os dois cavalos. Estas são as únicas opções no início da partida, por que os peões bloqueiam todas as outras peças. É preciso, portanto, movimentar os peões de modo a libertar as peças (bispos, dama e torres), e já buscando o controle do centro do tabuleiro.

Para isto, normalmente move-se pelo menos dois peões, o peão do rei (coluna "e") e o peão da dama (coluna "d"). Também são usados em algumas aberturas os peões dos bispos (colunas "c" e "f"), embora o movimento de um peão em frente a um bispo não o libere.

De qualquer forma, a abertura mais popular é "1. e4", ou seja, movimentar o peão da frente do rei duas casas. Este lance liberta o bispo do rei e a dama, e estabelece o controle da casa "d5" no centro do tabuleiro. Normalmente partidas iniciadas com este lance são chamadas de partidas abertas, e levam a um combate intenso nas casas centrais do tabuleiro. Era a abertura predileta de Bobby Fisher.

O segundo lance mais popular nas aberturas é "1. d4", as aberturas da dama. Também é considerado um lance forte, já que abre o caminho para o bispo da dama, e a própria dama.

Outros lances de peão iniciais são menos comuns, e alguns são considerados fracos. As aberturas de peão da torre são consideradas as piores, já que liberam uma peça que, normalmente, tem sua ação limitada nas posições iniciais, onde existem muitos peões e peças no tabuleiro. Entretanto, não se deve desprezar o jogador especializado.


Para as pretas, a resposta mais comum para "1. e4" é "1...e5", "1...c6", "1...c5", que tentam também estabelecer controle do centro do tabuleiro, abrindo também o caminho para as peças.
As melhores casas para os peões são as casas centrais, nas colunas "c", "d", "e", e "f".

Normalmente não são necessários mais que dois lances de peão para liberar todas as peças. Na situação ideal, os peões da dama e do rei avançam duas casas cada um. A missão do outro jogador é impedir que isto aconteça, avançando seus próprios peões, o que resulta em uma posição de compromisso. Entretanto, movimentar mais de dois ou três peões na abertura geralmente é perda de tempo, principalmente se o oponente desenvolver as próprias peças.


Bispos e Cavalos

No início da partida, os bispos e cavalos geralmente gozam de mobilidade aumentada. Enquanto os peões geralmente só se movem uma casa, e as torres tem seus movimentos tolhidos pelas próprias peças, cavalos conseguem se deslocar para qualquer lado do tabuleiro rapidamente, e os bispos também são capazes de fazer pressão e controlar as diagonais principais do tabuleiro.

Normalmente os jogadores procuram apoiar seus peões centrais ou atacar peões vulneráveis usando bispos e cavalos. Para os bispos, as melhores casas estão nas diagonais principais ("a1" a "h8" e "a8" a "h1"), onde é maior seu alcance, e onde eles exercem pressão sobre peões que normalmente são frágeis. Outras diagonais importantes são as imediatamente ao lado das diagonais principais, da mesma cor ou da cor diversa da diagonal principal.

Os cavalos são peças de alcance médio. O fato de poderem se deslocar sobre outras peças os tornam peças especialmente úteis para proteger peões, de trás. As melhores casas para os cavalos são, portanto, as próximas aos peões centrais. Um cavalo que esteja centralizado tem seu alcance máximo (8 casas), enquanto em uma lateral ele normalmente perde duas ou quatro casas no seu alcance.

As melhores casas para os bispos estão nas diagonais principais ou próximas delas, e os cavalos devem ficar o mais centralizado possível.


Torres e Dama

A Dama deve ficar protegida no início do jogo. Uma dama levada prematuramente ao centro do tabuleiro pode significar perda de tempo e de oportunidades de desenvolvimento, já que pode ser espantada facilmente por peças menores. Tarrasch dizia que "todo ganho de peão na abertura com a Dama é um erro". As melhores posições para a Dama, no início do jogo, é atrás, apoiando bispos e cavalos.


As Torres são as peças mais difíceis de movimentar no início da partida. Normalmente elas só são movimentadas depois de bispos e cavalos, e se limitam a ficar na mesma linha, apenas procurando as colunas centrais.

A dama deve ficar junto com as torres, atrás dos peões e peças, apoiando-as.

Rei

O rei, no início do jogo, é só um estorvo. É, durante toda a partida, a peça mais delicada, e para ele se dirigem todos os ataques do adversário. É importante tirar o rei do centro do tabuleiro o quanto antes, colocando-o em uma posição protegida, guardado por peões e algumas peças.

A maneira de conseguir fazer isto é rocando. O roque é um lance que realiza muito para o desenvolvimento da partida: traz para o jogo uma das torres, e protege o rei. Entretanto, o roque não pode ser feito antes do terceiro lance, já que há pelo menos um bispo e um cavalo no meio do caminho, que precisam ser retirados para que o roque seja executado.

O rei deve ser protegido, de preferência com um roque, de preferência com o roque pequeno.